quarta-feira, setembro 27, 2006

Muitas e boas
Renata Nóbrega


Se “figurinha repetida não completa álbum”, é indiscutível que “piada repetida, quando bem contada, é sempre de fazer rir”.

Foi assim que me senti ao ter acesso aos panfletos do “Humor Terapia”. Lá contavam os “Primeiros Socorros Contra Momentos Desconcertantes – PSCMD”. Não são poucas as ‘tiradas’ engraçadas acerca dos, digamos, ‘híbridos contemporâneos’. Na crista da onda, o ‘deslocamento do sujeito’, o ‘local e o global’, a ‘nebulosa pós-moderna’, dentre outros. São construídos discursos referentes às produções visuais dos nossos dias que, mesmo sob sólidos e fundados pilares de racionalidade e empirismo, é impactante até para ‘iniciados’, os quais não deixam de rir de uma nova velha boa piada bem contada sobre o estranhamento (vocábulo também na crista da tal onda) dos dias em curso.

O panfleto, trazendo didáticas ilustrações ‘quadrinescas’, introduzia-se ao transeunte pelos dizeres: “prestará os primeiros socorros aos leigos em artes plásticas, já que essa semana estará acontecendo o SPA, a Semana de Artes Visuais do Recife”.

De modo descontraído e despretensioso me chegaram as “instruções” ali trazidas. Dei-me a gargalhar, pois, pela qüinquagésima centésima primeira vez ria de mim mesma, recordando de muitos momentos (passados, presentes e certamente futuros) .

Por fim, uma advertência que não poderia ser outra: “O Humor Terapia adverte: Os primeiros socorros são apenas a primeira ajuda a ser dada a vítima. Eles servem para aliviar a dor e estabilizar o estado da pessoa, mas não servem como tratamento ou cura. Se os sintomas persistirem, procurar o artista mais perto de você”.

Perfeito! Ainda mais quando a cura certamente viria nos próximos séculos com a pílula “to understand contemporary art”, que, aliás, já existe e, ao menos a que eu conheço, é produção de uma artista contemporânea canadense, cujo nome não recordo. Mas podem perguntar a Moa, ele conhece esse trabalho.

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