segunda-feira, dezembro 04, 2006


Arte em Toda Parte
Ana Luisa Lima


Penso ser inócuo o debate acerca da pertinência do artesanato no Olinda Arte Em Toda Parte. Se alguns não perceberam, a palavra arte tem muitas acepções. Obviamente quando a cidade de Olinda convida todos para ver arte em toda parte, ela está se referindo à arte latu sensu. Essa que abarca todas as manifestações. Essa que o senso comum é capaz de alcançar. Parece-me que muitos ainda se permitem angustiar sobre a low e high arte. Uma discussão inútil quando se trata do evento olindense.

Não acredito que os propositores do Olinda Arte... em algum momento pensaram em fazer do evento mais uma espécie de salão - mais uma vitrine exclusiva para arte contemporânea. Penso que o motivo precípuo seria de movimentar a cidade em torno de algo que Olinda é rica: arte; e ponto. Trata-se de juntar todas as tribos. Abrir as portas para que o público conheça e julgue por si só.

Sim, há arte para todos os gostos. Mas, há desgosto quando me deparo com essas picuinhas que envolvem o universo da arte, mais especificamente, a pernambucana. Olindenses não querem recifenses por perto. Recifenses querem que em Olinda a maioria dos ateliês seja para arte contemporânea. E onde fica a diversidade?

Foi através do Olinda Arte em Toda Parte, há dois anos atrás, que tive o primeiro contato com a obra de Luciano Pinheiro, Guita Charifker, Cavani Rosas, Roberto Lúcio... Como também conheci a primeira versão do Branco do Olho. Suportes tradicionais e propostas contemporâneas coexistindo - uma delícia poder movimentar meus pensamentos ao sabor daquelas proposições tão distintas. Ainda num clima de excitação, dancei coco de roda de umbigada em Guadalupe – coisa que não conhecia. Comprei brincos e pulseiras no bairro do Amparo. Comi tapioca e tomei cerveja no topo da conhecida Ladeira da Sé.

Não entendo por que uma arte deva ser excludente da outra. Ou ainda, por que alguns olindenses esbravejam para que casas-ateliês não possam ser alugadas por recifenses e outros que queiram vir. O melhor do Olinda Arte... esse ano foi, sem dúvidas, a presença de trabalhos dos artistas convidados de Santa Teresa - Rio de Janeiro. Não só porque os trabalhos enviados foram muito bons, como foi rica a oportunidade de sentar e conversar com um deles.

Nadam Guerra é um jovem que atua na cena da arte carioca com trabalhos em fotografias, performances, vídeos-performances, instalações... Com ele, pude trocar informações de como o seu grupo (Grupo Um) se movimenta. E a exemplo do que acontece com o B.O. o Grupo Um também se reúne para discutir trabalhos e pensar sobre arte. Ele me confessou como pode ser ingrata a posição de escrever criticamente sobre o trabalho de um colega. E ao mesmo tempo, como essa prática pode trazer ganhos quando o colega se abre para (re)pensar sua obra a partir das questões pontuadas.

Penso que tudo é ganho quando a diversidade resolve conviver. Críticos, curadores, artistas de todos os lugares e público crescem com esse tipo de oportunidade. Olinda num evento como esse pode ser um catalisador: trocas de idéias, a grata surpresa de ver o que há de novo, de antigo, o tradicional, o contemporâneo, o artesanato, a dança no meio da rua, a cerveja gelada... Entendam: quando se trata de Olinda Arte em Toda Parte é vão se angustiar sobre o que é a low e high arte; celebremos o lúdico.





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Nadam Guerra
Foto arquivo: listras_1_13
Ótica Abstrata, série listras #13
2005
Técnica: fotografia digital.

2 comentários:

Anônimo disse...

ola, ana. aqui fala nadam. que legal que usas esta foto. e bom escrito. viva a pluralidade e o diálogo. se quiser ver outras fotos: www.grupoum.art.br ou um vídeos em http://www.youtube.com/profile?user=nadamguerra
felicidades,
nadam guerra

Anônimo disse...

do CARAÍ!!!
beijo,
Cacá.